MEA CULPA
Precisamos pensar se a culpa das demissões dos Treinadores é só dos dirigentes, da imprensa e dos torcedores. Sempre que vemos uma demissão de Treinador na mídia, nós colocamos a culpa em todos. Menos em nós mesmos. Nunca erramos? Nunca escalamos mal? Nunca tivemos problemas como os jogadores? A culpa sempre é dos outros. Precisamos olhar para trás. Precisamos olhar para o que estamos fazendo. Desde os Treinadores da base dos clubes.
Será que os Treinadores das bases nos clubes do Brasil estão dando o treino que os iniciantes no futebol precisam? Os fundamentos individuais importantes estão sendo ministrados adequadamente? Estão respeitando as características dos jogadores brasileiros? Estão respeitando as características do Futebol Brasileiro? Será que estão simplesmente ministrando (Ctrl C + Ctrl V) os treinos que estão aprendendo nos cursos CBF sem considerar as aptidões dos atletas e a necessidade individual de cada um deles em suas respectivas posições?
Será que esses Treinadores incentivam a criatividade do jogador brasileiro? Estão dando a liberdade do número de toques na bola ou é só dois toques o tempo todo? Estão só treinando em campo curto e só na hora do jogo o campo aumenta? Esses treinos são importantíssimos para a evolução do atleta e do futebol brasileiro.
E na categoria profissional? O que estamos fazendo? Dois toques em demasia? E a limitação do tamanho do campo de treinamento? Estamos incentivando o drible, a malandragem, a ginga sul-americana? Estamos ensinando o jogador brasileiro a ser protagonista ou estamos imitando os treinamentos europeus que sempre ensinaram os jogadores de lá a serem coadjuvantes? Todo protagonista precisa de um coadjuvante, seja no futebol ou nas Novelas da TV, mas quem decide os jogos serão sempre os protagonistas como Pelé, Zico, Rivelino, Maradona, Cruyff, Roberto Dinamite etc. assim como quem decidia a audiência da novela na TV era o Tarcísio Meira, a Glória Menezes, a Elizabeth Savalla e etc.
A Europa cria um protagonista a cada dez anos, mais ou menos. Portugal depois do Eusébio apareceu o Cristiano Ronaldo. Quantos anos depois? Vão citar o Figo? Totalmente diferente do Eusébio e do Cristiano Ronaldo? Quem é o jogador na Alemanha hoje que se compara ao Beckenbauer? Quem na França hoje se compara ao Platini ou Zidane? Nós, sul-americanos, criávamos 10 a cada ano. E agora? Quem é o nosso Protagonista hoje e quem será o nosso próximo? Sabemos que não somos só os culpados diretamente pelos resultados de um jogo.
Depois que o jogo começa temos uma responsabilidade, talvez de 30% pelo resultado? Os outros 70% são dos jogadores? Não tenho medo de errar, cravo esses números! Joguei e sei como funciona, depois do apito de início da partida. Cada decimo de segundo é um momento diferente do jogo que só quem está lá dentro pode decidir o que fazer. Treinador que fica gritando do lado de fora do campo é mais para aparecer do que outra coisa! Cerca de 90% do que grita não é entendido pelo jogador, principalmente se tiver muita torcida em campo. Não existe tática sem jogador. Não existe vitória sem comprometimento dos jogadores dentro e fora do campo. Cabelinho bonito e pintado, tatuagem e chuteira bonita é só para enganar trouxa e persuadir o torcedor!
O Treinador de Futebol precisa fazer bons contratos com cláusula de multa rescisória. Nenhum Treinador veio de fora sem esta cláusula. Pelo menos vemos as quantias altíssimas quando um desses Treinadores de fora tem o contrato rescindido. Precisamos mostrar quem manda na equipe. Estamos dividindo as responsabilidades com membros da comissão, mas quando não obtém a vitória quem cai é somente o Treinador.
O jogador precisa saber que quem manda é o Treinador. Se inchar a perna no treinamento vai para casa descansar, mas o trabalho do Treinador tem que ser o mais importante. A partir do momento que o jogador percebe que o Treinador não é o Comandante do Navio, fim de papo. Fim de contrato. Não vou citar aqui os defeitos dos Dirigentes no Brasil e a parcela de culpa desta decadência do pessoal da Imprensa, porque iria ser muito longo. Devemos pensar um pouco naquilo que estamos deixando de fazer para fazer a vontade de alguém ou algum projeto desses de internet, que não sabe nada de futebol e de futebol não tem nada!
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