Os Práticos têm mais Chance
Texto: Prof. Humberto Ferreira
Em esportes como voleibol, basquetebol, handebol e futebol (entre outros), os treinadores costumam ser ex-atletas que param de jogar e usam seus conhecimentos práticos adquiridos durante a carreira. Isso é possível uma vez que são submetidos a treinamentos exaustivos por vários anos. Assistem a muitas palestras, trabalham com vários treinadores com métodos diferentes e recebem instruções deles a cada treino e a cada jogo. Trabalham com uma grande variedade de preparadores físicos, fisioterapeutas, fisiologistas, médicos, psicólogos, motivadores e coordenadores. Enfim, são produto do convívio com muitos profissionais e acumulam conhecimento diversos. É sem dúvida uma escola.
Grande parte deles vem de famílias humildes e tem que suportar o sofrimento da ausência dos pais e familiares, as cargas dos treinamentos e a pressão dos jogos para poderem se tornar grandes atletas. Aprendem a gostar de estar no centro das tormentas e quando param de jogar tornam-se treinadores. Os capitães e aqueles que possuem mais técnica têm mais chance de exercer a profissão pois são renomados e gozam de um maior prestígio perante os dirigentes, torcida, imprensa e com os atletas. Estes respeitam muito quem jogou futebol e foi um bom jogador.
Muitos deles tornaram-se grandes treinadores porque têm inteligência esportiva. Ter sido um bom jogador não significa ter capacidade para se tornar um bom treinador. É preciso saber ensinar, comandar, liderar, entender e decifrar. É preciso doação, dedicação e estudo para o trabalho e saber que a exigência como treinador é maior.
Já em um time regular, é necessário muito conhecimento para tornar-se um treinador bom e vencedor. O campeonato é longo e é preciso administrar problemas, gerenciar conflitos, escolher seus comandados, obedecer à rotina de treinos viagens e jogos, entre outras situações. É preciso saber comandar uma equipe não só de atletas, mas também de profissionais de outras áreas. Conviver com imprensa e dirigentes requer sabedoria, principalmente nos momentos de fracasso e nas vitórias.
Os atuais treinadores geralmente seguem alguém que admiravam muito e tiveram muito sucesso com eles. Se um treinador ex-atleta for perguntado a respeito disso, ele tem a resposta na ponta da língua sobre quem admira e no qual se espelha. Mas é impossível simplesmente copiar. Afinal, não existe manual e há vários fatores que interferem no trabalho e no time. É necessário levar em consideração o ambiente, a cultura, características genéticas e muitos outros fatores que não podem ser desprezados. Copiar é o primeiro passo para o fracasso.
Os treinadores cada vez mais são o alvo das atenções. Tudo recai sobre eles e isso requer maior ,capacidade de gerenciar pessoas e conflitos em um ambiente competitivo como o do futebol, onde muita coisa está em jogo. Melhor seria passar pela escola: preparar-se intelectualmente, graduar-se e especializa-se ajudará muito sua trajetória. Contudo, os treinadores que possuem apenas a graduação e que não foram jogadores têm dificuldade de entrar neste mercado, dos vinte clubes da primeira divisão 70% dos treinadores são ex-atletas e 50% tem graduação, mercado difícil para os professores, mesmo sendo especializados.
E se você escolher essa profissão saiba que vai ter que estar ligado vinte quatro horas por dia. É impossível relaxar. Muitas coisas no futebol podem ser cultivadas, nunca mostre a cara feia, não seja duro, pelo contrário, ensine, instrua, compreenda. Ligue as pessoas entre si. No futebol dificilmente você terá um dia igual ao outro, saiba que a derrota é devastadora, e contenha a euforia das vitórias. “Ganhar no futebol não é tudo, mas querer ganhar é”, o treinador é uma ilha de burrice cercado de inteligência por todos os lados (Rubens Minelli)
(Vencer não é coisa mais importante: é a única coisa)
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